Anteontem à noitinha, a Sophia estava na sala de recreação e quando cheguei do trabalho, dei uma passadinha lá.
Ela estava brincando de massinha na mesa, junto a duas garotinhas, um pouco mais velhas que ela. Uma estava com a babá e outra com a mãe.
Nisso chega o irmão da menina que estava acompanhada da babá e não sei o motivo, começou a xingar essa babá (a conheço, mas não sei o seu nome). Disse em tom muito agressivo que ela era uma gorda, baleia, feia, ridícula, imbecil, que a odiava e tal. Gritou e dava para perceber que a vontade dele era voar em seu pescoço. Deu para perceber que ele sabia que esses xingamentos a ofendiam.
Eu não aguentei e acabei falando que ela não poderia tratá-la assim, que desta forma a sua mãe iria trocar de babá e que a nova poderia não gostar dele. Ele respondeu gritando, que ela já não gostava dele e começou a xingar novamente. A coitada tentava argumentar, dizendo que gostava dele e que fazia de tudo por ele, que preparava as suas refeições com carinho, que brincava com eles... isso foi piorando e teve um hora que ele deve ter batido nela - não deu para ver, mas ouvir, pois eles estavam atrás de uma coluna.
Só sei que essa mulher desandou a chorar e ele, como se fosse um adulto, pegou a bicicleta e disse que ia dar uma volta...
Detalhe - o menino deve ter uns 5 - 6 aninhos.
A irmãzinha dele ficou bem assustadinha, perguntando que estava acontecendo.
Falei que ela não poderia deixar a situação chegar neste ponto, que a mãe deve ser participada e que juntas deveriam chegar a uma solução. Que este menino devia respeitá-la e não fazer o que fez. Ela ainda disse que geralmente ele fala mais palavrões é que na nossa frente ele usou apenas alguns xingamentos e que os mais sabem ,m as nada fazem...
A mãe da outra menina que estava brincando com a Sophia, disse que tem muito dó desta babá e que a mãe dele negligencia os filhos, indo para a academia e shoppings, deixando todas as atividades para a própria babá e que esta sofre horrores. Eles possuem uma situação finaceira bem razoável e até onde sei possuem 5 filhos, sendo que a mãe não trabalha. Disse ainda, que o menino se assustou quando soube que mães também iam à sala de recreação com os filhos, dizendo: "Nossa, as mães podem vir aqui?".
Ontem também fui à sala e observei um pouco mais o menino. Estava também agressivo, bateu em uma meninha. Corria e pulava, sem um foco específico.
É claro que não estou aqui para julgar nenhuma família, muito menos a forma de aducação de cada um. O que eu estou observando, é a "não" educação que está sendo dadas para as crianças dessa geração.
É muito fácil, quando a criança berrar bem alto, dar o que ela quer. Também é fácil, não dar automia nenhuma para as babás educarem seus filhos, é muito mais fácil, pagar pouco e colocar alguém despreparado para ficar junto ao filho...
Existem um monte de observação a serem feitas, mas o que mais chama a minha atenção, é a falta de amor, de carinho de presença materna e paterna. Qual a referência de pais que essas crianças terão?
Trabalhar fora não justifica negligenciar os filhos (e o pior é que muitas mães nem trabalham), amar é realmente cuidar para que essa criança tenha limite, o que na realidade é um conforto emocional muito grande para elas.
Criar um filho não é só atender pelas condições física da crianças, como andar bem vestidas, comer bem, ter muitos brinquedos. Isso vai muito além - é educar emocionalmente também, demostrando amor, dando carinho, ter paciência, elogiando e repreendendo nos momento certos (e nao quando a nossa paciência estiver curta...), ensinando como tratar as pessoas.
Anteontem fiquei muito brava com o menino, mas ontem, fiquei com pena. Muita pena. Pois imaginei se ele crescer e ficar um adulto com essas características - vai sofrer muito e com certeza repetirá todos esses erros com seus filhos também. Que ciclo vicioso!
E aí, me deu um medo muito grande. Nossa, estou também educando uma criança e tenho de saber e ficar atentar para a tênue linha entre a negligência e o exagero. Mas logo pensei, que todos teremos erros, mas que o importante é se esforçar e fazer o seu melhor, para que esses erros sejam os menores!
E o mais importante, amar, amar, amar...
Ah - uma observação do conselho da minha mãe à babá - Não faça uma tempestade, mostre que você não gostou, mas não que ficou extremamente ofendida. Imponha seus limites de forma prática, porém tranquila. Ele vai perceber que esse caminho com você está errado e vai mudar de rota. E, converse com calma com a mãe... sábias palavras de quem já educou 4 filhos e 2 netos...